Rafael, tanto quanto qualquer outro artista, foi condicionado pelos avanços técnicos da arte realizados antes dele, pela organização da sociedade, pela divisão do trabalho em sua localidade e, por fim, pela divisão do trabalho em todos os países com os quais sua localidade manteve contato. O fato de um indivíduo como Rafael desenvolver seu talento depende totalmente da demanda, que por sua vez depende da divisão do trabalho e das relações culturais entre as pessoas daí resultantes. Stirner põe-se muito atrás da burguesia ao proclamar a individualidade do trabalho científico e artístico. As pessoas já veem agora como necessário organizar essa atividade "individual". Horace Vernet não teria tido tempo para a décima parte de seus quadros, se os tivesse tomado como trabalhos "que apenas tal indivíduo é capaz de executar". A grande demanda por vaudevilles e romances em Paris ocasionou uma organização do trabalho para a produção desses artigos, a qual engendra sempre algo melhor do que seus concorrentes "individuais" na Alemanha.
Marx, citado por Dolf Oehler em Quadros parisienses, Companhia das Letras, 1997, p. 144-145.
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