O bom ladrão crucificado, Lovis Corinth, 1883 |
1) Sobre a alexandrita, e mais especificamente sobre o fetiche da alexandrita transformada em anel, Leskov escreve que o anel que ele havia finalmente adquirido - propriedade de "uma das pessoas memoráveis" do reinado do imperador - era composto por três pedras: a alexandrita ao centro, "cercada de dois brilhantes puríssimos". Havia um "simbolismo", como aponta Leskov: a pedra central era o imperador e os dois brilhantes suas principais obras - "a libertação dos servos e o estabelecimento de um sistema judicial melhorado".
2) Leskov escreve que a alexandrita "tinha pouco menos de um quilate", enquanto "cada brilhante tinha apenas meio quilate". A intenção, segundo Leskov, "era fazer com que os brilhantes, representantes dos feitos, não ocultassem a modesta pedra principal, que devia lembrar a própria pessoa do nobre autor dos feitos".
3) A descrição do anel ocupa os três breves parágrafos da terceira seção do conto - e o simbolismo da trindade imperial ecoa na forma e segue reverberando quando, abruptamente, Leskov parte para a seção seguinte. Uma alegoria messiânica: o imperador como o Cristo Russo, libertador dos servos humildes (lembrando como Leskov era obcecado também com a pintura religiosa russa, "pintura de ícones"), os brilhantes ao redor como os dois ladrões crucificados no Gólgota com Jesus (Lucas, 23, 39-43). Jesús es la obra maestra. Los ladrones son las obras menores. Por qué están allí? No para realzar la crucifixión, como algunas almas cándidas creen, sino para ocultarla (Bolaño, 2666, p. 989).
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