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Fui levado a pensar nas relações íntimas, caseiras, dos escritores – e como isso pode influenciar no trabalho deles. Uma parte disso se deve às recentes leituras de Verão, de Coetzee, principalmente de AX e AM – e vale lembrar que li Verão a partir de uma cópia feita do livro de AM, recebido em casa, Deus sabe de onde. Os fracassos de Coetzee em suas relações amorosas me levam a pensar na rotina que pode se estabelecer entre um escritor e seu par, sua pareja, no caso de Ricardo Piglia. Esse contexto foi reforçado pela coincidência de duas entrevistas: levado ao site do SESC por conta do Concurso Literário, encontrei a entrevista com a última vencedora, Gabriela Guimarães Gazzinelli, que, ao comentar sua relação com os livros, diz: “sou casada com um filósofo, com quem tenho a felicidade de trocar ideias, textos e impressões de leituras”. Dois minutos depois leio a entrevista que Elvio Gandolfo fez com Ricardo Piglia, que diz: “Ahora tenemos una casa en Malabia y Gorriti, porque Beba quería tener unas plantas”. Gandolfo nos informa que Beba é Beba Eguia, pareja de Piglia. E Gandolfo diz mais: “antes de Beba vivió doce años con Josefina “la China” Ludmer, rigurosa ensayista literaria”. A pareja anterior de Piglia já impressiona – Ludmer é uma pensadora estupenda, autora de textos instigantes e basilares sobre a literatura latinoamericana. A pareja atual é uma surpresa agradável, quando lemos as palavras de Piglia: “Beba lee mucho, es traductora. Parte de lo que nos une es la literatura. Hace diez años que estamos juntos”. Parte do que nos une é a literatura: como é bom poder dizer isso de alguém.
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ResponderExcluirSó agora eu vi isso, nunca dou conta de ler tudo que vc escreve, nunca dei conta. A Ju repostou no facebook, li, e achei lindão: a menção a mim é irrelevante; a última frase é formidável.
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