Ainda na casa de Wolfgang Koeppen, o tradutor Michael Hofmann comenta o longo período que o escritor ficou sem escrever: depois daquela que ficou conhecida como a "trilogia pós-guerra", formada pelos romances Pombos na grama (Tauben im Gras, 1951), A estufa (Das Treibhaus, 1953) e Morte em Roma (Der Tod in Rom, 1954), Koeppen fica mais de vinte anos sem publicar ficção. A descrição que faz Hofmann do silêncio angustiado de Koeppen é mais do que suficiente para posicionar o escritor alemão ao lado daqueles Artistas do Não que Enrique Vila-Matas comenta em Bartleby e companhia (na resenha que publica no New York Times sobre Death in Rome, Peter Filkins escreve que o silêncio de Koeppen o impediu de alcançar a "audiência internacional" de Günter Grass e Heinrich Böll).
Hofmann comenta também a relação de Koeppen com Siegfried Unseld, seu editor na Suhrkamp, aquele que em 1976 consegue romper o silêncio com a publicação do breve relato Jugend (lançado como o número 500 da célebre Bibliothek Suhrkamp). A devoção do editor não parecia conhecer limites - pressionava com delicadeza, respondia com concordância aos pedidos de adiantamento (a partir de promessas de livros que nunca foram feitos). Unseld mais tarde publica seu próprio livro, o excelente compilado de textos seus sobre escritores, O autor e seu editor (Der Autor und sein Verleger, 1978), sobre Hesse, Brecht, Rilke e Walser. Mais recentemente, Roberto Calasso dá detalhes sobre a Suhrkamp e Unseld em seu livro A marca do editor.
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