sexta-feira, 5 de março de 2010

A semente de delírio

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Deleuze diz, em Conversações, que é preciso surpreender a História da Filosofia por trás e enrabá-la: fecundar a História da Filosofia com um ser monstruoso, revirar suas entranhas com uma semente de delírio. Um método de trabalho que dê privilégios aos contatos feitos a partir do acaso - aquilo que Vila-Matas constrói a partir de Robert Walser ou César Aira a partir de Copi.
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Há uma iluminação no ato sexual forçado que Roberto Bolaño resolveu retirar da metáfora e transformar em tema, imagem e drama (ação). O procedimento me parece o seguinte: desnaturalizar aquilo que é comum a partir da violência. Filmar um filme pornográfico em uma ilha exótica é comum. Ser, simultaneamente, o câmera que registra as imagens e a força que extermina toda a equipe é mais-valia. Está em Estrela distante.
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Evidente que está questão está tudo menos resolvida. Como aqueles jogos antigos em que você deve decidir, a partir de uma lista de pessoas com características negativas e duvidosas, quem deve ser poupado e levado a um abrigo antes da explosão nuclear: quem acompanha os 3 poetas na fuga pelo deserto em Detetives selvagens? Melhor: quem fornece o motivo para os 3 poetas decidirem seguir os passos de Ceśarea Tinajero? Uma prostituta - aquela que melhor se movimenta pelos meandros da violência sexual. O Rei dos Putos (Amuleto), os estupros em Sonora, Arturo Belano alcançando o gozo (e a possibilidade física de performance) somente com a violência (Detetives). Etc.
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