sábado, 6 de março de 2010

Os nomes em Bolaño

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Os nomes em Bolaño são alegóricos, de uma forma como há tempos não se fazia. Alegoria, aqui, não tem nada que ver com carnaval. Tem a ver com fragmento - Walter Benjamin. São possibilidades, fagulhas do pensamento, umbrais em direção a outra coisa. A alegoria é uma fragmento que condensa em si o outro lado do dizer - a ficção.
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Auxilio Lacouture (Amuleto) é a cultura presa no banheiro, frente a frente com os próprios dejetos, enquanto do lado de fora a barbárie ocupa os espaços. Lalo Cura já falamos. Ramírez Hoffman é Hoffmann, dos contos de terror que Freud usa para elaborar a teoria do estranho. Arturo Belano é Roberto Bolaño e também Arturo Gordon Pym. Ulises Lima é Mario Santiago, e continuamos nas capitais latino-americanas. Ódio e Medo, ao contrário, são os facilitadores das viagens do padre em Noturno do Chile. A quantidade de nomes de Carlos Wieder é análoga à quantidade de nomes de B. Traven. Etc.
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Um comentário:

  1. Que beleza de post, como sempre. Entusiasta de Bôla, o único que eu não tinha captado mesmo era o do Hoffmann (gracias!). e Arturo Gordon Pym, sim.

    Agora me permita uma discordância rrradical. "alegóricos, como há tempos não se fazia". Como assim? E os nomes em Pynchon? Ok, estão mais para satíricos do que alegóricos, mas... E os nomes em Philip K. Dick? Sempre pensei, inclusive, que as manias de nomear personagem no Pynchon eram diretamente roubadas de Dick.

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