1) O crânio de Descartes, a razão, o método, o rigor - é em parte o que está em jogo na retomada que Beckett faz de Descartes. Captar o máximo de controle no momento em que ele se perde, o momento em que o controle sai do controle - por isso as associações, as digressões, o caos estruturado de Whoroscope. Mas talvez o projeto de rigor ficcional mais celebrado e minucioso ainda seja o de Flaubert: "Eu
gostaria de ler com um só golpe de vista estas cento e cinquenta e oito
páginas e captá-las em todos os seus detalhes com um só pensamento", escreve ele em carta de 22
de julho de 1852, comentando a realização de Madame Bovary.
2) Sempre em Flaubert esse desejo de tudo abarcar: "Depois de lhe encontrar, vou me dedicar a Sófocles, que eu quero saber de cor!", escreve ele em carta de 26 de outubro de 1852 para Louise Colet. "Um só golpe de vista", "saber de cor" - a percepção flaubertiana e a busca pela totalidade impossível, e ainda assim desejada, buscada, planejada. "O que me faz andar tão lentamente é que nada nesse livro é tirado de mim; jamais minha personalidade foi tão inútil para mim próprio. Tudo vem da cabeça. Se fracassar, terá sido um bom exercício", escreve Flaubert em carta de 6 de abril de 1853.
3) Tudo vem da cabeça! A razão, o método, o rigor, o crânio de Flaubert. "Eu estou arrasado, o cérebro se põe a dançar no crânio", acrescenta Flaubert em 29 de junho de 1853. "Minha cabeça está pegando fogo", 12 de outubro de 1853 (Cartas exemplares, tradução de Duda Machado, Imago, 1993).
2) Sempre em Flaubert esse desejo de tudo abarcar: "Depois de lhe encontrar, vou me dedicar a Sófocles, que eu quero saber de cor!", escreve ele em carta de 26 de outubro de 1852 para Louise Colet. "Um só golpe de vista", "saber de cor" - a percepção flaubertiana e a busca pela totalidade impossível, e ainda assim desejada, buscada, planejada. "O que me faz andar tão lentamente é que nada nesse livro é tirado de mim; jamais minha personalidade foi tão inútil para mim próprio. Tudo vem da cabeça. Se fracassar, terá sido um bom exercício", escreve Flaubert em carta de 6 de abril de 1853.
3) Tudo vem da cabeça! A razão, o método, o rigor, o crânio de Flaubert. "Eu estou arrasado, o cérebro se põe a dançar no crânio", acrescenta Flaubert em 29 de junho de 1853. "Minha cabeça está pegando fogo", 12 de outubro de 1853 (Cartas exemplares, tradução de Duda Machado, Imago, 1993).
Nenhum comentário:
Postar um comentário