domingo, 20 de novembro de 2011

Diante do fracasso (2)

1) Comentando com Lévi-Strauss a extensão do projeto das Mitológicas, Didier Eribon, no capítulo treze do livro De perto e de longe, pergunta ao antropólogo se, em algum momento, ele chegou a temer o fracasso da empreitada. Lévi-Strauss, como de hábito, não responde diretamente: ele diz que manteve sempre em mente o caso "de Saussure e de seus trabalhos sobre os Nibelungos". Saussure passou parte de sua vida, "talvez a maior parte", diz Lévi-Strauss, envolvido numa tentativa de elucidar a complexa trama de mitos, lendas e história relativa aos Nibelungos.
2) "Sobrou uma centena de cadernos manuscritos", continua Lévi-Strauss, "conservados na Biblioteca de Genebra, onde obtive e estudei os microfilmes". Lévi-Strauss forçou passagem no labirinto negativo do arquivo de Saussure e de lá voltou com uma advertência, que transformou em potência crítica:
Essa leitura fascinou-me pelas ideias que encontrava neles e, principalmente, pela lição que deles extraía: a investigação não cessava de complicar-se, caminhos naturais abriam-se, e Saussure morreu antes de ter publicado alguma coisa de seu imenso trabalho. Sentia-me exposto ao mesmo perigo; resolvi fugir dele. Caso contrário, minha aventura, como a de Saussure, jamais chegaria ao fim.
Lévi-Strauss; Eribon. De perto e de longe. Cosac Naify, 2005, p. 187.
3) Segundo o site da Biblioteca de Genebra, les manuscrits comprennent un total de 814 feuillets, sendo 8 cahiers consacrés aux légendes germaniques, particulièrement aux Nibelungen et aux rapports de ces légendes avec l’histoire (cahiers 1 à 6) ou avec le mythe (cahier 7 et 8): 383 feuilles inscrites au total, ceci le plus souvent sur les deuxfaces (cote Ms. fr. 3958/1 à 8).

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