quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Los sinsabores del verdadero policía

NOTAS DE UMA AULA DE LITERATURA CONTEMPORÂNEA: O PAPEL DO POETA

O mais feliz: García Lorca.
O mais atormentado: Celan e, segundo outros, Trakl, mas havia quem sustentava que os mais atormentados foram os poetas latino-americanos mortos na luta dos anos sessenta e setenta. Alguns disseram: Hart Crane.
O mais bonito: Crevel e Félix de Azúa.
O mais gordo: Neruda e Lezama Lima (ainda que eu tenha lembrado, sem dizer nada, do corpo de baleia de um poeta panamenho chamado Roberto Fernández, fino leitor e amigo muito simpático).
O banqueiro do Espírito: T. S. Eliot.
O mais branco, o banqueiro da alvura: Wallace Stevens.
O fresco no Inferno: Cernuda e Gilberto Owen.
O de rugas mais estranhas: Auden.
O de pior gênio: Salvador Díaz Mirón, segundo outros Gabriela Mistral.
O do pênis mais poderoso: Frank O'Hara.
O secretário do banqueiro da alvura: Francis Ponge.
O que hospedarias em tua casa durante um mês: Amado Nervo.
O que não levarias jamais a tua casa: Opiniões diversas: Allen Ginsberg, Octavio Paz, e. e. cummings, Adrian Henri, Seamus Heaney, Gregory Corso, Michel Bulteau, os irmãozinhos Campos, Alejandra Pizarnik, Leopoldo María Panero e seu irmão mais velho, Jaime Sabines, Roberto Fernández Retamar, Mario Benedetti.
O que levarias ao teu leito de morte: Ernesto Cardenal.
Aquele com quem gostarias de ir ao cinema: Elizabeth Bishop, Berrigan, Ted Hughes, José Emilio Pacheco.
O melhor na cozinha: Coronel Urtecho (mas Amalfitano lembrou e leu para eles Pablo de Rokha e não houve discussão).
O mais ameno: Borges e Nicanor Parra. Outros: Richard Brautigan, Gary Snyder.
O mais lúcido: Martín Adán.
Aquele que não queres ter como professor de literatura: Charles Olson.
Aquele que querias ter como professor de literatura, mas não por muito tempo: Ezra Pound.
Aquele que querias ter como professor de literatura para sempre: Borges.
O mais doente: Vallejo, Pavese.
O que levarias ao teu leito de morte depois de Ernesto Cardenal ter ido embora: William Carlos Williams.
O mais vital: Violeta Parra, Alfonsina Storni (ainda que Amalfitano tenha chamado a atenção para o fato de ambas terem se suicidado), Dario Bellezza.
O mais razoavelmente vivo: Emily Dickinson e Cavafis (ainda que Amalfitano tenha observado que, segundo os cânones vigentes, ambos foram uns fracassados).
O mais elegante: Tablada.
O que melhor posaria de gângster em Hollywood: Antonin Artaud.
O que melhor posaria de gângster em Nova York: Kenneth Patchen.
O que melhor posaria de gângster em Medelin: Álvaro Mutis.
O que melhor posaria de gângster em Hong Kong: Robert Lowell (aplausos), Pere Gimferrer.
O que melhor posaria de gângster em Miami: Vicente Huidobro.
O que melhor posaria de gângster em México D.F.: Renato Leduc.
O mais apático: Daniel Biga, segundo outros Oquendo de Amat.
O melhor mascarado: Salvador Novo.
O mais atacado dos nervos: Roque Dalton. Também: Diane Di Prima, Pasolini, Enrique Lihn.
O melhor companheiro de bebedeira: Citaram uns quarenta nomes, entre eles os de Cintio Vitier, Oliverio Girondo, Nicolas Born, Jacques Prévert e Mark Strand, que segundo afirmaram era um especialista em artes marciais.
O pior companheiro de bebedeira: Maiakovski e Orlando Guillén.
Aquele que dança sem se abalar com a morte americana: Macedonio Fernández.
O mais nosso, o mais mexicano: Ramón López Velarde e Efraín Huerta. Outras opiniões: Maples Arce, Enrique González Martínez, Alfonso Reyes, Carlos Pellicer, o queridinho Villaurrutia, Octavio Paz certamente, e a autora de Rincones románticos (1992), cujo nome ninguém conseguiu lembrar.

Roberto Bolaño, Los sinsabores del verdadero policía, p. 131-133.


Um comentário:

  1. Aquele que querias ter como professor de literatura para sempre: Borges.

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