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Walter Benjamin é fascinado pela multidão, pela massa que circula pela Paris do século XIX. Ele encontra, nesse acúmulo de indivíduos, o assassino e o detetive, o comerciante esperto que fica aberto até mais tarde e, é claro, encontra também o poeta, que flana pelas ruas de olhos e ouvidos bem abertos, captando a pulsação do anonimato. Benjamin defende a ideia de que não havia nada como Paris - e seleciona uma porção de textos e autores das mais variadas estirpes para desdobrar o máximo possível sua hipótese. Fala de Chesterton e Dickens; menciona Engels e suas impressões de Londres; Marx falando de Berlim. E, para Paris, encontra Balzac, Victor Hugo, Baudelaire e uma porção de outros comentaristas menores, como Maxime Du Camp ou Rémy de Gourmont. Fala das galerias, da iluminação a gás, do crescimento vertiginoso do número de exemplares de jornais vendidos, do uso da fotografia na criminalística, dos literatos nos cafés, de Baudelaire fugindo dos credores e morando em mais de 14 endereços diferentes em menos de 10 anos. Nem Hegel escapa da lupa de Benjamin, que escreve:
Pouco antes de sua morte, Hegel chegou pela primeira vez a Paris e logo escreveu à sua mulher: 'Quando ando pelas ruas, as pessoas se parecem com as de Berlim, todas vestidas igual, os rostos mais ou menos os mesmos, a mesma cena, porém numa massa populosa'.
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