Colin foi uma figura curiosa (quem não é?). Nasceu em 1924, serviu ao Exército britânico durante a II Guerra, ganhou uma bolsa de estudos e foi para a Índia. Depois disso foi para o Congo, onde estudou os pigmeus. Mas Colin também tinha seus pendores artísticos e, ainda na África, ajudou na produção de um filme - e não um filme qualquer, mas um filme com Humphrey Bogard e Katherine Hepburn, Uma aventura na África, de 1951. Colin ajudou na construção do astro principal do filme, o navio do título original: The African Queen, uma geringonça que é utilizada, de forma improvisada mas enormemente heroica, para lutar contra os alemães na I Guerra (em plena África). Mas essa foi apenas a primeira passagem de Colin pela África. Depois disso ele foi ao Canadá, voltou para a Inglaterra e começou a estudar antropologia. Aí sim voltou para o Congo e a coisa engrenou. Na década de 1960, ele foi para Nova York e começou a trabalhar no Museu de História Natural. Em 1961, sai seu livro sobre os pigmeus do Congo, The forest people. Em 1972, sai uma espécie de continuação, sobre uma tribo de Uganda, The mountain people. Um tempo depois, Colin trabalhou em uma adaptação de The mountain people para o teatro - e o fez com ninguém menos que Peter Brook, famoso por suas montagens de Shakespeare. O curioso é que Brook, junto com Jean-Claude Carrière, colocou nos palcos, em 1985, uma montagem do poema hindu Mahabharata, e dizem que deu certo - tão certo que virou série de televisão, além de gerar intenso debate entre os intelectuais da época (alguns diziam que a coisa era orientalista demais). Colin, por conta do tempo que passou na Índia, na juventude, sempre flertou com o budismo, e chegou inclusive a ajudar na construção de um Centro Tibetano nos Estados Unidos, lado a lado com um irmão do Dalai Lama, que era muito seu amigo (o irmão, não o Dalai Lama). Além do cinema e do teatro, Colin atravessou também a música. Na época em que viveu entre os pigmeus, amealhou uma quantidade considerável de melodias e canções folclóricas, que mais tarde foram lançadas comercialmente - dizem que Colin foi um dos primeiros antropólogos a trabalhar com a etnomusicologia (um dos cem primeiros, talvez). Desde sua ida para os Estados Unidos, Colin manteve um relacionamento público e declarado com o também estudioso Joseph Towles - viajaram juntos pelo mundo todo, Colin com seus estudos antropológicos e Joseph escrevendo peças. Quando morreu, em 1994, Colin tinha recém comprado o carro de seus sonhos: um Packard 120, quase igual àquele que seu pai tinha.
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