quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Tabucchi, Lisboa

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1) Dizem que lá pela metade da década de 1990, talvez 1994, 1995, Antonio Tabucchi andava por Lisboa, andava pelos cafés da Baixa, andava pelos lugares que Fernando Pessoa costumava frequentar. Tabucchi usava um pequeno bigode e estava bem mais magro - fazia parte do esforço para caber em ternos retos e miúdos como os que usava Pessoa.
2) Tabucchi, dizem, estava outrando - buscava os restos de Pessoa, ao mesmo tempo em que procurava chamar Pessoa para si, como em uma possessão. Os que viram Tabucchi em Lisboa, por volta de 1994, 1995, afirmam que ele se movia com passos rápidos, olhos baixos, alheio.
3) Tabucchi estava escrevendo Os três últimos dias de Fernando Pessoa, e Lisboa lhe servia de laboratório. Neste livro, Fernando Pessoa recebe a visita de seus heterônimos antes de morrer. Depois de outrar fantasma - ser Fernando Pessoa -, Tabucchi, já do outro lado, retira mais uma camada e solicita os fantasmas de um fantasma. Que língua falam os mortos que retornam à força?, pergunta Tabucchi. Ou, como diria Roberto Bolaño: Que livro você teria coragem de dar a um condenado à morte?
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