quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Paul-Michel, 3

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Paul-Michel, já professor, depois de um tempo dando aulas na Suécia, resolve experimentar a Polônia. Estamos no fim da década de 1950. Paul-Michel, nessa época, ocupou uma série de cargos burocráticos em recantos franceses ao redor do mundo. Dizia, também, que sua sina era vagar pelo mundo, sem estabelecer morada fixa, especialmente na França. Alguns anos depois, tudo mudaria, mas, em outubro de 1958, ele desembarca em Varsóvia. Ele estava lá na função de leitor de um centro de cultura francesa recém-criado no interior da universidade. As relações Leste/Oeste estavam tensas, e a ida de Paul-Michel era mais um elemento em uma campanha de harmonização. Paul-Michel precisa cuidar do tal centro, e começa a providenciar mesas, cadeiras, livros, revistas. Paul-Michel também dá aulas e pronuncia conferências na universidade, onde está ligado ao Instituto de Línguas Românicas da Faculdade de Filosofia Moderna. Oferece um curso sobre teatro francês contemporâneo. Imediatamente seduz os estudantes e seus colegas pela inteligência, pela seriedade, pela gentileza. Paul-Michel se envolve cada vez mais, cria laços. Pronuncia uma série de conferências sobre Apollinaire - uma homenagem ao quadragésimo aniversário de morte do poeta. Faz uma turnê pelo país, de Gdansk a Cracóvia. Nenhum dos muitos projetos que tinha em mente teve continuidade, pois Paul-Michel precisou deixar às pressas o território polonês. A história é muito confusa, mas parece comum nos países do Leste: Paul-Michel conhece um rapaz com o qual começa a viver dias felizes naquele país triste e sufocante. Mas o jovem trabalha para a polícia, que procura se infiltrar nos serviços diplomáticos ocidentais. Certa manhã, o superior de Paul-Michel o alerta: Você precisa sair da Polônia. Paul-Michel, surpreso, pergunta: Quando? A resposta: Nas próximas horas.
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