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Turim, 3 de janeiro de 1888: Em plena rua, Nietzsche abraça o pescoço de um cavalo caído no chão, brutalmente espancado por um cocheiro. O filósofo beija o animal e começa sua loucura. Dizem que Nietzsche repete uma cena lida: no capítulo 5 da primeira parte de Crime e castigo, Raskolnikov sonha com camponeses bêbados que batem em um cavalo até matá-lo. Dominado pela compaixão, Raskolnikov se abraça ao pescoço do animal caído e o beija.
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Kafka não só transforma um homem em inseto como também conta a história de Bucéfalo, o cavalo de Alexandre; a história da rata Josefina; a história de como Joseph K. morre como um cão; a história do macaco que fala para a Academia; a história do abutre que se afoga no sangue do homem que lhe deixou roer os pés; a história da toupeira gigante que atravessa a vida do mestre-escola da aldeia; a história de um animal singular, um cruzamento, metade gatinho, metade cordeiro.*
Coetzee usa o macaco na Academia, de Kafka, em Elizabeth Costello - usa também a analogia dos campos de concentração nazistas como matadouros de gado. Desonra termina com o abandono do cão que o protagonista tão devotamente havia cuidado - o cão levado à morte marca o ponto que a narrativa abandona a si própria.*
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