1) Quando decide ser mais específico, George
Steiner deixa claro que condena o "comentário de
circunstância", a nota jornalística rasa, que torna a
experiência de leitura rala e insípida, homogênea e banal. Somente
o exercício filológico exaustivo pode romper esse círculo vicioso
- uma "degeneração" que, segundo Steiner (especificamente
em seus textos sobre Heidegger), vem de longe, sendo enunciada de
forma inicial por Spengler e aprimorada pelo Heidegger de Ser e
Tempo.
2) A mediação crítica pode muito bem atingir uma potência estética de vasta proporção - e é precisamente isso que Carlo Ginzburg tem a dizer sobre Minima Moralia, de Adorno, e sobre Os Reis Taumaturgos, de Marc Bloch, por exemplo. No entanto, uma obra-prima crítica é, no fim das contas, tão (ou mais) rara quanto uma obra-prima no campo da criação literária, e é precisamente a divisão entre os campos (crítica, criação) e a possibilidade de valoração (obra-prima, apenas-mais-uma) que está e estará sempre em jogo em qualquer comentário.
2) A mediação crítica pode muito bem atingir uma potência estética de vasta proporção - e é precisamente isso que Carlo Ginzburg tem a dizer sobre Minima Moralia, de Adorno, e sobre Os Reis Taumaturgos, de Marc Bloch, por exemplo. No entanto, uma obra-prima crítica é, no fim das contas, tão (ou mais) rara quanto uma obra-prima no campo da criação literária, e é precisamente a divisão entre os campos (crítica, criação) e a possibilidade de valoração (obra-prima, apenas-mais-uma) que está e estará sempre em jogo em qualquer comentário.
3) Talvez seja historicamente
impossível voltar atrás, em direção a uma fruição pura e
simples do texto literário, da obra de arte - seria uma espécie de
anacronismo ingênuo, e não o anacronismo deliberado e produtivo de
Borges e Warburg, por exemplo, que anacronizam o presente tornando-o
contemporâneo de fragmentos esparsos do arcaico. De resto, aquilo
que há de mais instigante na literatura contemporânea (aquilo que,
paradoxalmente, melhor nutre o gozo da leitura, a "eucaristia"
da leitura) envolve justamente o corte oblíquo de temporalidades e
uma tendência à montagem anárquica das referências (Parmênides,
de César Aira, e HHhH, de Laurent Binet).
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