Em seu prefácio ao Curso de filosofia de Gombrowicz, Francesco Cataluccio - autor de um livro chamado Immaturità, no qual rastreia esse tema tão gombrowicziano (vide Ferdydurke) "de Peter Pan a Lolita, de Musil e Schulz a Saba e Pasolini", como diz a apresentação da editora - ressalta que a filosofia foi um interesse contínuo para Gombrowicz, da infância à morte (leu a Crítica da razão pura aos quinze anos; ditou o Curso poucas semanas antes de morrer). Também o período de Buenos Aires (1939-1963) foi determinante, escreve Cataluccio, que menciona que a "paixão desmedida" pela filosofia "já se manifestava quando era professor, em Buenos Aires, em 1959, nos cursos que dava sobre Heidegger no Círculo dos Amigos da Arte" (Curso, p. 10). Além disso, o Curso foi possível por conta de notas feitas nesse período, e "alguns livros que havia trazido da Argentina: Ser e tempo, de Heidegger, a monografia de Faber sobre Husserl e a de A. de Waehlens sobre Heidegger, Historia del existencialismo, de Wahl, o ensaio de Lyotard sobre a fenomenologia e as Lecciones preliminares de filosofia, de Manuel Garcia Morente" (p. 9).
*
A edição de Heidegger usada por Gombrowicz é a tradução ao espanhol assinada por José Gaos (México, 1962); o livro de Wahl foi traduzido por Bernardo Guillén e publicado em 1954 por uma editora de Buenos Aires, Deucalión; os livros de Faber e Waehlens foram publicados pela editora Losange, também de Buenos Aires, respectivamente em 1956 e 1955 (O polonês Gombrowicz, portanto, dá um curso de filosofia em francês, usando como bibliografia traduções ao espanhol de livros escritos em alemão - informações que retirei do prefácio de um crítico italiano).
Nenhum comentário:
Postar um comentário