É certo que precisamente esse quadro de Rogier van der Weyden, Retrato de Francesco d'Este, foi visto por David Markson, e provavelmente visto muitas vezes - isso porque o quadro está no Metropolitan desde 1931, portanto desde quando Markson tinha quatro anos de idade, portanto o acompanhando ao longo de toda sua vida. Pois um dos pintores que Markson cita, escolhido por sua ausência de assinatura, escolhido por esse paradoxo que envolve a fama, o nome e o anonimato, estava lá, absolutamente disponível ao longo de toda sua vida. Os museus em geral, e o Metropolitan em particular, faziam parte da vida de Markson, assim como fizeram parte da ficção - uma das primeiras entradas (a segunda, para ser mais preciso) de Vanishing Point envolve um museu de Nova York:
A seascape by Henri Matisse was once hung upside down in the Museum of Modern Art in New York - and left that way for a month and a half. (p. 01).
Markson morava no West Village, na 11th Street, e podia fazer uma infinidade de caminhos até o Metropolitan, para ver seu quadro predileto de Rogier van der Weyden, Retrato de Francesco d'Este, não assinado e incorporado ao museu em 1931. Será que Markson sabia que somente o reverso do quadro podia oferecer algo próximo de uma identidade? Será que sabia que van der Weyden havia registrado o brasão da família de Francesco d'Este na parte de trás da pintura?
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