2) Vila-Matas insiste sutilmente no procedimento de utilização indireta de elementos de um mesmo texto: começa com a epígrafe secreta de Wilcock, continua com a menção direta ao autor e o uso do conto e finaliza com uma terceira evocação - na parte final de Bartleby e companhia, retorna o tema do interior do corpo visível como em uma vitrine. Esse terceiro momento de utilização de Wilcock está no capítulo 62 do livro de Vila-Matas, quando o narrador fala de sua demissão do escritório (o chefe descobre que ele fraudou um laudo médico) e de sua releitura de alguns trechos do Diário de Witold Gombrowicz.
3) O narrador de Vila-Matas está comendo em um restaurante, para onde levou o livro de Gombrowicz. Comenta os trechos nos quais Gombrowicz fala do ridículo de Léon Bloy, outro diarista, o ridículo de Bloy se colocar de joelhos em "fervorosa oração". De repente, o narrador de Vila-Matas se desagrada "enormemente" com os restaurantes e as pessoas ali reunidas, palitando os dentes: "Para piorar, os homens, por sua vez, como se tivessem se tornado transparentes, deixavam à mostra, apesar de estarem metidas em enormes calças, suas panças, deixavam à mostra o interior delas no exato momento em que eram alimentadas pelos asquerosos órgãos de seus aparelhos digestivos".
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