Karl Kraus |
A psicanálise é aquela doença mental para a qual ela própria se considera uma terapia.
Se Kraus inicia Die Fackel em 1899, é também aí que Freud inicia o projeto da psicanálise, com a Interpretação dos sonhos, se afastando da hipnose em direção ao inconsciente (mas é possível lembrar que ainda em 1912 o próprio Wittgenstein se faz hipnotizar). A intenção de Freud é a de fazer da escuta uma ciência, criando uma série de procedimentos - a associação livre, a atenção flutuante - para organizar uma escuta com fins terapêuticos (uma luz se faz em meu ouvido poderia também dizer Freud, como o faz Canetti, sendo a "luz" a revelação das associações feitas por analistas e analisandos).
Mas se em 1930 Wittgenstein vê o retrato de Freud (junto com Einstein e Russell) na vitrine de uma livraria e o liga à degeneração da cultura (se comparado ao tempo de Beethoven), poucos anos antes, ironicamente, Wittgenstein era posto lado a lado com Freud e Einstein como os grandes gênios vivos. Trata-se de uma carta de Frank Ramsey, matemático britânico morto aos 26 anos, em 1930, escrita em 1924:
We really live in a great time for thinking, with Einstein, Freud and Wittgenstein all alive (and all living in Germany or Austria, those foes of civilisation!) (Ludwig Wittgenstein: The Duty of Genius, p. 224).
Ramsey, talvez sem o saber, oferece em seu comentário uma espécie de resumo daquilo que aproxima Kraus, Wittgenstein e Spengler (e que mais tarde irá aproximar outros tantos, como Thomas Bernhard, Sebald ou Jean Améry): Alemanha e Áustria, outrora pináculos, são agora foes of civilisation, inimigos da "civilização".
Um blogue como eu gosto! obrigada
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