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2) Mas, antes de tudo isso, há a festa: os participantes circulam pelas "moitas de arruda verde-prata", grandes borboletas circulam pelo céu, é primavera e os pássaros cantam felizes. Os homens vestem batas coloridas, "cujo tecido esfarrapado luzia como a plumagem dos pássaros". Todos vestiam máscaras rijas em forma de bico, exaltando a produtividade da terra com danças circulares e bebendo "até o desatino, pois esse é o costume na terra".
3) A festa de Jünger é análoga àquela que vemos em O enteado, de Saer, Europa e América entrelaçadas pelo substrato mais arcaico e pela celebração mais primordial: a alegria pela continuidade da vida, pelos ciclos da terra. Todos pulavam feito bufões, mexendo os braços "como se fossem asas" - nesses cultos agrários milenares, as fronteiras se abrem durante a festa: o animal está no homem, o morto está no vivo e tudo está fora dos eixos. "As mulheres da terra são belas e cheias de uma força generosa", escreve Jünger. O narrador persegue uma delas até a moita e, depois de uma sonora gargalhada, retira-lhe a máscara e o resto é história. É isso: três páginas dionisíacas e depois o retorno à vida comum e regrada (mas aquele frenesi permanece, como um suave baixo-relevo, até o fim do livro).
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