2) São vários os temas caros a Jameson que ele encontra no romance de Tokarczuk e que, consequentemente, aparecem na resenha: a) as metamorfoses do romance como gênero na literatura do século XX e, agora, do século XXI; b) a dinâmica de transmissão de conceitos dentro dos vários discursos das ciências humanas (ele fala de Weber e de "carisma", de Freud e de "populismo"); c) as descontinuidades entre tempo "natural" e tempo "histórico", entre o tempo pensado como sucessão de estações e o tempo pensado como acúmulo de fatos e eventos (a discussão adorniana da "História natural"); d) a relação entre o pensamento "utópico" e o "racional", ou ainda, a relação entre o "tempo do mundo" e a dimensão messiânica, fundamental para Walter Benjamin (mencionado na resenha) e central no romance.
3) O grande mistério do romance, e sobre o qual se detém Jameson em sua resenha, é o mistério da crença religiosa e de suas ligações com o messianismo - dentro dessa questão, o modo como a transformação do discurso religioso acarreta mudanças também na paisagem política (como a heresia se aproxima da traição, da sedição e assim por diante). Tokarczuk has learned to do the impossible: to write the novel of the collective, escreve Jameson na última frase: o "romance do coletivo" porque não está centrado em um único personagem - apesar de ser sobre um Messias -, mas na "energia messiânica" que liga o indivíduo ao coletivo, a energia que dá liga às comunidades, às conjuras e às sociedades secretas (o Messias "is something that flows in your blood", escreve Tokarczuk, cita Jameson).
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