Ainda no mesmo livro de Calasso, La follia che viene dalle Ninfe, há um texto sobre Bruce Chatwin, uma espécie de texto-homenagem, que serve para Calasso relembrar suas conversas com Chatwin. Segundo Calasso, Chatwin havia lhe dito que pensava em escrever um livro que tivesse a forma de uma longa carta, cujo destinatário seria ele, Calasso. Chatwin já havia pensado no título: Letter from Marble Bar. Em conversa com Salman Rushdie, Calasso descobre que Chatwin também havia planejado um livro com ele, que também já tinha título, mesmo antes de ser escrito: Arkady. Segundo Rushdie, escreve Calasso, o livro planejado por Chatwin tomaria a forma de um diálogo entre dois homens (Chatwin e Rushdie) sob uma árvore em Alice Springs. Segundo Calasso, o desenvolvimento ininterrupto de projetos e de livros-por-vir funcionava para Chatwin como uma resistência à doença, à finitude, à imobilidade. Talvez o que mais assustava Chatwin era a perspectiva de parar - parar de viajar, parar de escrever. Calasso reproduz uma definição de Rushdie, que qualifica de brilhante: Chatwin era um gypsy scholar, uma espécie de leitor infatigável sempre em movimento, nômade, pouco preocupado com fronteiras de pertencimento, um contrabandista, um errante.
Há uma hora
Não pelo gosto torto que tenho, mas a figura do contrabandista merece outras menções e alguma reflexão para além disso. Basta ver que o escambo entre etnógrafos e literatos passeia com repetição de criar trilha pelo universo do contrabando. Não suficiente citar o "Afrique phantôme" de Leiris, há o anônimo "Enigma Variatios" de Richard & Sally price. Nomadismo de contador de histórias joga, parece, na chave e no time do contrabandista. Que bom que chamou a atenção disso.
ResponderExcluirJá viu o site sobre o Chatwin: http://www.brucechatwin.co.uk/ ?
ResponderExcluirO dono é Jonathan Chatwin, mesmo sobrenome, não sei se é parente. Ele publicou uma tese sobre ele: https://eric.exeter.ac.uk/repository/handle/10036/41273
Favoritei faz tempo pra ler, mas cadê tempo?
E só por curiosidade, o Jonathan Chatwin, além de crítico e escritor, também é músico. E dos bons [pelo menos foi o que eu achei]:
ResponderExcluirhttp://jonathanchatwin.bandcamp.com/
É, eu também tenho uma porção de coisas online aqui pra ler, mas vou deixando, vou deixando...
ResponderExcluirQue bom que o Chatwin gerou comentários, vou escrever mais sobre ele.
E sobre os contrabandistas, um excelente livro: Bandoleiros, João Gilberto Noll.