1) A História nos conta que o texto de Barthes teve uma "reedição parcial" no Magazine Littéraire, número 97, de fevereiro de 1975. O texto original, contudo, está disponível na internet, e tenho para mim que essa é uma descoberta deveras interessante - Existences, número 27, julho de 1942. Julho de 1942: enquanto, por exemplo, os nazistas começavam a sofrer as primeiras derrotas na Frente Russa [e os norte-americanos, também em julho, comemoravam a primeira grande vitória contra os japoneses, com a "Batalha de Midway", seis meses depois de Pearl Harbor], Barthes e outros jovens estudantes tuberculosos publicavam seus textos em Existences.
2) É como Kafka em seu Diário, na anotação de 2 de agosto de 1914: Alemanha declarou guerra à Rússia. De tarde, fui nadar. Quantos não se valeram dessa realidade paralela proporcionada pelos sanatórios, especialmente na primeira metade do século XX? Walser, Proust, Aby Warburg, Kafka. A montanha mágica, de Thomas Mann, é sobre o sanatório como experiência de anacronismo: viver, temporariamente, em um espaço que articula o tempo de forma não-convencional.
3) Na década de 1940, Barthes viveu o tema [o tema do sanatório, do isolamento]. Mais de 30 anos depois, ele prepara um Seminário e retorna ao tema, perguntando-se: como viver junto? Esse é o título do curso que deu no Collège de France em 1976-77, dentro do qual buscava rastrear algumas obras documentais ou romanescas nas quais a vida cotidiana do sujeito ou do grupo está ligada a um espaço típico, e dá alguns exemplos: o quarto solitário, a toca, o deserto, o sanatório e o prédio burguês. E sobre o Viver Junto no sanatório, Barthes escreve: sanatório: análogo à eternidade. No começo, desejo ardente de sair, fantasias de saída; espécie de serviço militar, mas cuja desmobilização é incerta, e depois, instalação na perpetuidade [eis o tempo não-convencional que emerge da comunidade doente]. Barthes continua, citando Hans, o protagonista de A montanha mágica: Hans é arrancado à Morte fascinante pela morte real (a guerra de 14) [Martins Fontes, 2003, p. 88].
3) Na década de 1940, Barthes viveu o tema [o tema do sanatório, do isolamento]. Mais de 30 anos depois, ele prepara um Seminário e retorna ao tema, perguntando-se: como viver junto? Esse é o título do curso que deu no Collège de France em 1976-77, dentro do qual buscava rastrear algumas obras documentais ou romanescas nas quais a vida cotidiana do sujeito ou do grupo está ligada a um espaço típico, e dá alguns exemplos: o quarto solitário, a toca, o deserto, o sanatório e o prédio burguês. E sobre o Viver Junto no sanatório, Barthes escreve: sanatório: análogo à eternidade. No começo, desejo ardente de sair, fantasias de saída; espécie de serviço militar, mas cuja desmobilização é incerta, e depois, instalação na perpetuidade [eis o tempo não-convencional que emerge da comunidade doente]. Barthes continua, citando Hans, o protagonista de A montanha mágica: Hans é arrancado à Morte fascinante pela morte real (a guerra de 14) [Martins Fontes, 2003, p. 88].
Manuel Bandeira também passou um tempo em sanatórios, onde chegou a conhecer Paul Eluard.
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