terça-feira, 27 de setembro de 2011

Barthes tuberculoso, 3

"Barthes tuberculoso" pode significar, portanto, a convergência inextricável entre vida e obra, ou ainda, o trabalho crítico como forma de vida. Há uma cadência da doença que se infiltra na dinâmica do trabalho crítico - como quando Benjamin fala que o estilo de Proust tem a cadência de sua asma, ondulante, sinuosa, eterna [ou quando fala que uma história bem narrada pode curar doenças]. No caso de Barthes, no caso do Barthes tuberculoso, o sanatório é a cena inaugural que lhe permite o acesso a uma série de problemas [que Barthes transforma em problemas críticos]: basicamente, aqueles que envolvem o pré-operatório da ficção, os rituais de acesso ao momento de "preparação do romance", e, principalmente, a complexidade das senhas sociais que articulam as comunidades, que, por sua vez, confinam os artistas.

5 comentários:

  1. sim, é fato, a doença passa a ser o centro da vida do sujeito.

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  2. Como filho (ou viúva) de Barthes, venho depor a favor desse ciclo de posts: está sofisticado sem pedantismo, é erudito mas privado encriptação voluntarista, e faz-se acessível sem populismo.

    Ou seja: em meu mundo, está muito bom. Se eu der certo, um dia escreverei assim. :-)

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  3. A generosidade do seu depoimento deixa-me muitíssimo feliz! :-)

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  4. Kelvin,

    onde está especificamente o argumento sobre as causas do confinamento do artista? Fiquei bastante curioso.

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  5. Olá, Postado Por Postado
    Não há uma seção específica para isso em COMO VIVER JUNTO, de Barthes. Ele lança as questões um pouco a cada aula, às vezes dando exemplos, às vezes não. Mas essa ideia do confinamento está particularmente presente nos comentários dele sobre o Thomas Mann (que não são muito). A própria natureza do livro - notas de aulas - não permite que ele desenvolva muito qualquer tópico que seja. Demanda um esforço de leitura, de extração crítica.

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