quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pedro González Carrera

González Carrera em Cauquenes, c. 1959
1) Nascido em Concepción (1920), falecido em Valdivia (1961), Pedro González Carrera é a outra face dessa moeda falsa que é a vida de Amalfitano, que é a vida de Bolaño e, portanto, a vida de todos nós. González Carrera é aquela pérola chilena que cintila no coração de La literatura nazi en América - poeta infeliz, professor de escola primária, casado desde os vinte anos, pai de sete filhos.
2) Amalfitano, também ele chileno, quando teve a oportunidade de olhar a Nova Direita Italiana nos olhos escolheu o caminho da ironia e da denúncia. González Carrera certamente tomou a outra via dessa bifurcação (Bifurcaria bifurcata, livro de Benno von Archimboldi): o primeiro poema publicado de González Carrera, de trinta versos exatos e límpidos, escreve Bolaño, era uma reivindicação dos vilipendiados exércitos do Duce, do vilipendiado valor italiano
3) Em 1955, González Carrera publica um livrinho minúsculo, Doce, e ilustra ele mesmo a capa: as quatro letras da palavra "doce" com garras de águia, sob uma cruz gamada em chamas, uma suástica pairando sobre o mar. Em 1980, é publicado postumamente O advogado da crueldade, um romance de 150 páginas. Vem acompanhado de uma estranha dedicatória: ao meu amigo italiano, o soldado desconhecido. Ainda hoje, na parte norte de Valdivia, se encontram algumas ruas que levam o nome de Pedro González Carrera.

2 comentários:

  1. Desse eu gostei - pra valer, isto é: mais que o normal. :)

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    1. "Para o Tio Toni, que lê meus troços quando ninguém mais lê meus troços"

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