Desenho de Xul Solar - década de 1920 |
1) César Aira volta e meia retorna ao tema da imagem, da pintura, da representação nas artes visuais, seus processos, procedimentos, personagens, possibilidades - temos como evidências o livro sobre Rugendas, o pintor viajante; o livro sobre Duchamp no México; Picasso, lançado em 2010; o conto Mil gotas e certamente alguns outros que não conheço. Também visita com frequência o tema dos encontros impossíveis, dos anacronismos deliberados e das fantasias fabricadas a partir dos recantos obscuros da história da literatura e da arte.
2) Pois em 2011 César Aira lançou um volume minúsculo - quinze páginas - que mescla as duas vertentes: El criminal y el dibujador. O conto começa com o seguinte questionamento: É possível que ninguém tenha se dado conta de que um excêntrico pintor argentino e um assombroso escritor polonês, contemporâneos em vida, compartilharam o mesmo sobrenome? Aira faz referência a Bruno Schulz e Xul Solar - cujo nome de batismo era Oscar Agustín Alejandro Schulz Solari, nascido na Argentina em 1887, cinco anos antes de Bruno Schulz.
3) Assim como faz em Varamo, Aira fala da circulação da moeda falsa - Schulz e Xul como dois lados de uma mesma moeda, uma moeda falsificada, cunhada no espaço fantasioso de sua ficção, o único lugar no qual um encontro desses é possível. A história que se segue não tem, aparentemente, nenhuma relação com a introdução que Aira constrói a partir de Schulz e Xul - que parece servir apenas para que Aira postule, mais uma vez, o incontornável artifício que precede todo gesto artístico.
Desenho de Bruno Schulz - década de 1920 |
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