- Venha comer - chamou Nélida.
Sobre a mesa havia uma travessa de ravióli.
- Que fome - ele exclamou.
- Não sei se você gosta.
Vidal a tranquilizou: o ravióli evocava imagens de épocas felizes, dos domingos, quando era criança, e de sua mãe.
- Acredite - disse com efusiva sinceridade. - Este é melhor do que os que eu me lembro. Pensei que ninguém fosse superá-los.
Beberam vinho tinto; comeram bife à milanesa e batatas. Quando chegou o arroz-doce, Nélida disse:
- Se você não gosta, me desculpe. Ainda não conheço seus gostos.
Abraçou-a por ela ter dito ainda. Agradeceu a palavra, como a promessa de um longo futuro para os dois. Depois se calou; perguntou-se o que poderia acrescentar, do que poderia falar para não aborrecê-la. Bebeu outro copo de vinho e, quando Nélida se levantou para preparar o café, começou de novo a beijá-la.
Adolfo Bioy Casares. Diário da guerra do porco. p. 147.
Nenhum comentário:
Postar um comentário