2) Em seguida, Derrida começa pouco a pouco a aproximar Paul de Man da categoria de unheimlich, ou seja, de "estranho" ou "inquietante" (já que a palavra indica, simultaneamente, aquilo que é caseiro/familiar [heim] com aquilo que nega essa proximidade [un]). Paul de Man é, simultaneamente, o amigo e o estranho, o familiar e o inquietante (porque mentiu, ocultou, ao mesmo tempo em que foi aberto e sincero): "ele permaneceu um segredo para mim", diz Derrida (p. 34).
3) Derrida diz ainda que tenta ler o das Unheimliche não apenas em Freud - a referência mais frequente quando se fala em estranho/inquietante -, mas também em Heidegger: em sua obra, diz Derrida, o termo é "muito presente" e em lugares where the stakes are very high. Derrida não entra em detalhes, mas diz que em seus seminários tenta rastrear os momentos em que Heidegger usa o termo, e são sempre the most decisive moments (os organizadores da coletânea insistem, no prefácio, que Derrida respondeu as perguntas sempre em inglês). O fato de Heidegger e Freud utilizarem o mesmo termo, diz Derrida, é significativo: é o "melhor conceito" para aquilo que resiste à "consistência" e à "identidade semântica".
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