segunda-feira, 6 de julho de 2020

Entrevistas


Em sua entrevista para a Paris Review (publicada em 2006), Javier Marías fala de seu breve período morando nos Estados Unidos, ainda na infância. "Devia ser 1955 ou 1956", diz ele, acrescentando que ele e seu irmão não frequentaram a escola porque havia uma epidemia de pólio e a mãe achou melhor ficar em casa. Nascido em 1951, Marías era ainda bem pequeno. Essa breve informação me fez pensar em Philip Roth - em primeiro lugar por conta da sua estreia na ficção, em 1959, com Goodbye, Columbus, e em segundo lugar por conta do papel central que ocupa a pólio em outro de seus romances, Nemesis, de 2010. 

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Ian McEwan, também na entrevista para a Paris Review (publicada em 2002), fala de seu começo como escritor no recém-criado programa de escrita criativa da Universidade de East Anglia. McEwan chega lá em 1970, o primeiro sujeito a se candidatar para o programa. Ele escreve um conto a cada três ou quatro semanas e encontra seu supervisor, Malcolm Bradbury, em um bar de Norwich (é também o período, afirma McEwan, no qual ele entra em contato pela primeira vez com o trabalho de vários escritores, entre eles Philip Roth e Saul Bellow). Esse conjunto de informações me fez pensar de imediato em W. G. Sebald, que chega à mesma Universidade de East Anglia no mesmo ano de 1970, na condição de lecturer: "No final de setembro de 1970, pouco antes de assumir meu cargo em Norwich, no leste da Inglaterra, eu e Clara fomos de carro até Hingham em busca de um lugar para morar", é o que diz a primeira frase de Os emigrantes.

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