1) Segundo Georges Didi-Huberman, durante a I Guerra Mundial, Aby Warburg transformou-se definitivamente em uma espécie de Atlas moderno - profundamente afetado pela tragédia da guerra, Warburg começa um fanático colecionismo que terminará por levá-lo à loucura. Lê vários jornais por dia, recortando notícias e imagens; compra e coleciona fotografias e cartões-postais; chega a pensar que a única solução é assassinar a família e depois cometer suicídio. Organiza e cataloga um imenso arquivo com os papeis que coleciona.
2) Ernst Jünger, na posição de combatente da guerra, também teve a chance de construir seu atlas de imagens da guerra, tão extenso que rendeu duas publicações: A face da guerra mundial, lançado em 1930, e O mundo em mudança: imagens do nosso tempo, lançado em 1933, com Emmanuel Schultz. Algumas das imagens foram feitas pelo próprio Jünger. A maioria, no entanto, foi fruto de um trabalho posterior de coleta e organização.
3) Didi-Huberman confronta o atlas de Jünger, que qualifica de orgulhoso (no sentido patriótico do termo), ao atlas de Ernst Friedrich, Krieg dem Kriege!, publicado em 1924 (e traduzido como Guerra contra guerra!). Friedrich não apenas realizou um atlas que era o extremo oposto do de Jünger (trágico, acusatório, melancólico), como era ele próprio o extremo oposto de Jünger - ou seja, muito longe de ser um soldado: anarquista, sabotador das forças armadas, pacifista e fundador, também em 1924, do Museu Anti-Guerra de Berlim (destruído pelos nazistas em 1933 e transformado em base de repressão e tortura).
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