Segundo Edgardo Cozarinsky, o grande momento da criação literária é aquele no qual se reflete sobre algo que não é seu e passa a ser - ou seja, o intrincado sistema de citações, epígrafes, empréstimos, roubos e contrabandos que forma, por exemplo, Vodu urbano. Cada fragmento ficcional (cada cartão-postal enviado de uma geografia desconhecida, sempre em movimento) é inaugurado a partir de um conjunto de citações, e esse fragmento responde a esse corpo estranho, a esse texto exterior, ecoando suas ideias, suas imagens. Cozarinsky, portanto, conta histórias que são atravessadas por essas citações - de forma indireta, oblíqua, como se a vida narrada fosse uma espécie de comentário, de glosa da história da literatura.
Há uma hora
esse tipo de escrita, tomada de citações, me lembra muito a poesia de T. S. Eliot, que muito se utiliza dessa forma de escrita (bela e intrigante, mas muitas vezes cansativa, principalmente para o tradutor.)
ResponderExcluirAdoro o seu blog, continue postando sempre!
Abraço
Obrigado, Carlos
ExcluirVocê tem toda razão na aproximação com Eliot.
Abraço