Tudo começou com um sonho: um bebê deixado do lado de fora, em plena nevasca, e a mãe, por alguma razão desconhecida, não consegue resgatá-lo, apenas consegue impedir que a neve cubra completamente os olhos da criança. Estamos na Suíça, em Basiléia, e quem sonha esse sonho é Ursula Lipp, esposa de Christian Frederick Böcklin, empresário do ramo da seda. Arnold Böcklin conta que foi por causa desse sonho que sua mãe estimulou seus dotes artísticos - para que ele não apenas pudesse ver o mundo, mas pudesse, principalmente, criar um mundo próprio a partir das coisas que via. Arnold, que nasceu em 1827 e morreu em 1901 - quase em sincronia com a morte de seu século -, de fato viu o mundo, pelo menos aquele que estava ao seu redor: estudou em Paris, Bruxelas, Antuérpia, deu aulas na Alemanha, na Suíça, morou em Roma, Florença e San Domenico. Assim como Ruth Orkin, Arnold costumava encontrar coisas interessantes quando olhava através da janela de casa - as imagens que produzia, no entanto, eram um pouco mais sombrias e desesperadas do que aquelas de Ruth. Não é curioso que uma das primeiras curiosidades de Ruth Orkin, uma das primeiras coisas que a fizeram sair do lugar e ver o mundo, foi o desejo de ver a Feira Mundial em Nova York, onde apresentavam o nylon como a nova seda? Em uma carta escrita a um amigo, o pintor italiano Giorgio De Chirico declara que Böcklin "foi o único artista que pintou quadros verdadeiramente profundos".
Há 13 horas
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