domingo, 12 de abril de 2015

Quadro, mesa - 1

Adalbert Stifter
O Museu imaginário de Malraux é de 1951, bem como An American in Paris, de Vincente Minnelli. No ano seguinte, 1952, Erich Auerbach publica o ensaio "Filologia da Weltliteratur", ou ainda, "Filologia da literatura mundial", em um volume coletivo publicado em Berna em homenagem ao professor, filólogo e teórico Fritz Strich (o que me faz lembrar do ensaio sobre Van Gogh que Meyer Schapiro publica em 1968, dedicado a outro professor alemão, Kurt Goldstein). O ensaio de Auerbach é rico em associações, tomando frequentemente o aspecto de um panorama experimentativo - um ensaio, enfim. Auerbach cita um trecho de Adalbert Stifter (1805-1868, referência fundamental para Sebald, que a ele dedicou dois ensaios), de seu romance Der Nachsommer, publicado em 1857 (o mesmo ano em que Flaubert e Baudelaire foram processados por atentado à moral). Auerbach retoma Stifter dentro de uma argumentação que o aproxima do projeto visual de Malraux. Eis o trecho de Der Nachsommer citado por Auerbach: "Seria muito desejável que, depois do fim da humanidade, fosse dado a um espírito reunir e contemplar toda a arte do gênero humano, desde as suas origens até o seu desaparecimento". E Auerbach comenta: "Stifter pensa aqui apenas nas artes plásticas, e creio que ainda não se pode falar de um fim da humanidade. Mas parecemos ter atingido um ponto de conclusão e virada que oferece ao mesmo tempo possibilidades inéditas para uma visão de conjunto" (Ensaios de literatura ocidental, trad. Samuel Titan Jr. e José Marcos Mariani de Macedo, Ed. 34, p. 361). Possibilidades inéditas para uma visão de conjunto.    

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