"Barthes tuberculoso" pode significar, portanto, a convergência inextricável entre vida e obra, ou ainda, o trabalho crítico como forma de vida. Há uma cadência da doença que se infiltra na dinâmica do trabalho crítico - como quando Benjamin fala que o estilo de Proust tem a cadência de sua asma, ondulante, sinuosa, eterna [ou quando fala que uma história bem narrada pode curar doenças]. No caso de Barthes, no caso do Barthes tuberculoso, o sanatório é a cena inaugural que lhe permite o acesso a uma série de problemas [que Barthes transforma em problemas críticos]: basicamente, aqueles que envolvem o pré-operatório da ficção, os rituais de acesso ao momento de "preparação do romance", e, principalmente, a complexidade das senhas sociais que articulam as comunidades, que, por sua vez, confinam os artistas.
Há um minuto
sim, é fato, a doença passa a ser o centro da vida do sujeito.
ResponderExcluirComo filho (ou viúva) de Barthes, venho depor a favor desse ciclo de posts: está sofisticado sem pedantismo, é erudito mas privado encriptação voluntarista, e faz-se acessível sem populismo.
ResponderExcluirOu seja: em meu mundo, está muito bom. Se eu der certo, um dia escreverei assim. :-)
A generosidade do seu depoimento deixa-me muitíssimo feliz! :-)
ResponderExcluirKelvin,
ResponderExcluironde está especificamente o argumento sobre as causas do confinamento do artista? Fiquei bastante curioso.
Olá, Postado Por Postado
ResponderExcluirNão há uma seção específica para isso em COMO VIVER JUNTO, de Barthes. Ele lança as questões um pouco a cada aula, às vezes dando exemplos, às vezes não. Mas essa ideia do confinamento está particularmente presente nos comentários dele sobre o Thomas Mann (que não são muito). A própria natureza do livro - notas de aulas - não permite que ele desenvolva muito qualquer tópico que seja. Demanda um esforço de leitura, de extração crítica.