Um engenheiro de Praga é convidado para uma reunião científica em Londres. Ele vai, participa da discussão e volta para Praga. Algumas horas depois de sua volta, ele pega em seu escritório o Rude Pravo - jornal oficial do Partido - e nele lê: Um engenheiro tcheco, delegado numa reunião em Londres, depois de ter feito diante da imprensa ocidental uma declaração em que caluniava sua pátria socialista, decidiu permanecer no Ocidente.
Isso valeria vinte anos de prisão. Um campo de trabalhos forçados. Nosso engenheiro não pode acreditar em seus olhos. Mas o artigo fala dele, não há dúvida. Sua secretária, ao entrar no escritório, fica apavorada ao vê-lo. "Meu Deus", diz ela, "o senhor voltou! Não é prudente. O senhor leu o que escreveram sobre o senhor?".
O engenheiro viu o medo nos olhos da secretária.
O que pode fazer?
Precipita-se para a redação do Rude Pravo. Lá encontra o redator responsável. Esse se desculpa, é verdade, esse caso é realmente constrangedor, mas ele, redator-chefe, não tem nada com isso, recebeu o texto desse artigo diretamente do Ministério dos Negócios Interiores.
O engenheiro vai, portanto, ao ministério. Lá, dizem a ele sim, é claro que se trata de um erro, mas eles, no ministério, não têm nada com isso, receberam o relatório sobre o engenheiro do serviço secreto da embaixada de Londres. O engenheiro pede um desmentido. Dizem a ele não, um desmentido, isso não se faz, mas garantem que nada pode lhe acontecer, que ele pode ficar tranquilo.
Mas o engenheiro não fica. Não pode. Ao contrário, ele se dá conta rapidamente de que é de repente rigorosamente vigiado, que seu telefone está grampeado e que é seguido na rua. Não pode mais dormir, tem pesadelos, até o dia em que, não suportando mais essa tensão, ele assume vários riscos reais para deixar ilegalmente o país. Tornou-se assim para sempre um emigrado.