"Na epígrafe de Nombre falso, Piglia atribui a Arlt uma sentença equívoca, 'só se perde o que nunca se teve', tomada de um clássico borgiano: 'Nova refutação do tempo'. A atribuição errônea é, neste caso, deliberada e está a serviço de uma teoria da produção textual muito consistente para que um relato possa dramatizá-la com elegância. O que Piglia talvez não soubesse é que a sentença de Borges traduz outra, de Friedrich Schlegel, 'Aquilo que podes perder nunca te pertenceu', com a qual se encerra um dos 'Fragmentos do Athenaeum', o 338. Acabei de descobrir e não resisti ao impulso de avisar"
Alberto Giordano, El tiempo de la convalecencia, Rosario, Ivan Rosado, 2017, p. 67
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"Vou pôr uma frase de Borges na abertura do meu livro Nome falso, mas atribuí-la a Roberto Arlt: 'Só se perde o que realmente não se teve'. Essa frase não faz mais do que sintetizar o que para mim é o 'tema' central do livro: as perdas" (18 de setembro de 1975)
Ricardo Piglia, Os anos felizes: diários, volume 2, trad. Sérgio Molina, Todavia, 2019, p. 434
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