Em 1941, aos 25 anos de idade, Barthes se interna no Sanatório de Saint-Hilaire du Touvet para tratar da tuberculose. Quase toda a década de 1940 será dedicada à tuberculose e, como uma gêmea bondosa, à leitura. Em um esforço semelhante àquele de Benjamin, quando resolveu produzir um jornal em plena prisão, Barthes publicou uma série de textos no suplemento cultural da publicação do sanatório: Existences, revista trimestral da Associação Les Etudiants au sanatorium, do Centre Universitaire de Cure de Saint-Hilaire du Touvet. Que acontecimento altamente improvável: essas linhas de Barthes sem grandes pretensões atravessam o tempo e o espaço e cá estão, disponíveis. E mais: num desses textos ["Notas sobre André Gide e seu Diário", Notes sur André Gide et son Journal], Barthes faz uma confissão, ou melhor, toma uma posição, que será recorrente em toda sua obra. Ele escreve: procurava em vão um vínculo para interligar estas notas; depois de refletir, concluo ser melhor apresentá-las como estão, e não procurar disfaçar sua descontinuidade: a incoerência parece-me preferível à ordem deformadora. Barthes postula, já em 1941, sua poética do fragmento.
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