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Alguien, un crítico ruso, el crítico ruso Iuri Tinianov, afirma que la literatura evoluciona de tío a sobrino (y no de padres a hijos). Expresión enigmática que nos ha de servir por el momento, ya que es el mejor resumen de tu carta que conozco.
Ricardo Piglia, Respiración artificial, p. 21.
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1) Essa é uma frase que faz lembrar as máquinas solteiras, os celibatários de Duchamp e da Historia abreviada da literatura portátil, de Vila-Matas. Talvez a transmissão literária se dê mais pela via forçada do que pela via fácil, pela via que está mais à mão.
2) O pai de Bolaño era boxeador amador. O próprio Piglia fala muitas vezes daquele inglês perdido na Argentina - o primeiro a ler seus contos, o primeiro a lhe mostrar Faulkner, o primeiro a lhe mostrar o valor da literatura policial.
3) Uma relação que não é comandada pelos imperativos genéticos - pelo sangue -, mas que é produzida, construída, armada aos poucos, como um texto bem urdido, como uma ficção em fragmentos, que se espalha.
4) A carta: a correspondência que se estabelece entre tio e sobrinho, em Respiração artificial, é a máquina que aglomera os tempos, que monta a história a cada vez de forma diferente. Novos dados, velhos dados lidos ao contrário - cortando nomes, acrescentando outros.
5) A história da filosofia (da ficção, da literatura) como a história de milhares de cartas nas quais os destinatários não são conhecidos de antemão - algumas cartas são, inclusive, re-escritas, copiadas ao longo dos anos, rasuradas por copistas insones (acometidos de uma insônia perfeita), e voltam ao fluxo.
6) Você lembra da justificativa de Juan Rulfo quando perguntaram a razão de seu silêncio? Morreu meu tio Celerino. Era ele quem me contava as histórias.
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Sugiro mais um marcador. Tio Toni. Você começa o post com Duchamp e termina com essa citação do Rulfo. Nada mais Tio Toni, ele deve estar todo feliz.
ResponderExcluirSugestão acatada.
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