1) Fredric Jameson também comenta a presença de Brecht em "seus mais importantes discípulos", "cujos prestigiosos destinos tenderam a obscurecer a participação que ele teve no assunto" (o assunto do "conteúdo filosófico" do moderno). Jameson está falando de Barthes e Benjamin, e continua: "nenhum estudo decente sobre a trajetória de Barthes pode dar-se o luxo de omitir suas origens brechtianas (assim como sartrianas): seu clássico Mitologias abriu caminho para a entrada triunfal do efeito de estranhamento na teoria francesa".
2) Quanto a Walter Benjamin, continua Jameson, "sua influência póstuma (aumentando tão inexoravelmente quanto a de Barthes diminuiu, e aparentemente tão imune ao fastio relacionado a Brecht, a partir do qual iniciou uma carreira totalmente nova desde a 'unificação') agora parece seguir duas diferentes direções ao mesmo tempo: a pós-moderna, que se desenvolve sobre o prestígio inabalado de seus ensaios sobre tecnologia, e a do misticismo da linguagem, como resultado de um melhor conhecimento de seus primeiros escritos. Pelo menos o primeiro Benjamin deverá parecer muito diferente quando for devolvido a seu contexto brechtiano original; por enquanto, o perfil de um Benjamin posterior, profundamente brechtiano, ainda não emergiu claramente devido ao desconhecimento geral de sua incansável produção como crítico literário e resenhista de livros" (Fredric Jameson, Brecht e a questão do método. Trad. Maria Sílvia Betti. São Paulo: Cosac, 2013, p. 62).
3) No segundo volume de seus diários, Susan Sontag, que faz eventuais referências tanto a Brecht quanto a Benjamin, também tenta lidar com essas duas facetas de sua recepção, tal como aponta Jameson. Em 12 de novembro de 1976, mais de 20 anos antes da publicação do livro de Jameson sobre Brecht, ela escreve: "Reprodução tecnológica não é simplesmente uma "era", como diz Benjamin. Isso é enganoso. Ela tem sua história — ou melhor, [ela] está inserida na história. Seus artefatos se tornam "históricos", não apenas contemporâneos. Antigas lito[grafias], fotografias, revistas de histórias em quadrinhos, filmes etc., trazem o cheiro do passado, não do presente. B[enjamin] achava que a rep[rodução] técnica tornava tudo um presente eterno — um fim da história hegeliano (e a abolição da história). Mais quatro décadas de vida nessa "era" refutaram isso".
ERRATA
ResponderExcluironde se lê "como resultado de um 'mulher' conhecimento de seus primeiros..."
leia-se "como resultado de um 'melhor' conhecimento de seus primeiros..."
Obrigado, Josie, arrumei.
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