Nos últimos anos da década de 1970, Paul-Michel não se questiona apenas sobre a matéria e o conteúdo dos livros que está escrevendo. Preocupa-se também com a forma e de modo mais genérico com os problemas da edição. Nesse momento, essa é até uma de suas preocupações essenciais. Paul-Michel acha que a difusão exagerada dos livros de pesquisa prejudica a recepção e gera uma série de incompreensões. Paul-Michel argumenta que quando uma obra ultrapassa o círculo de seus verdadeiros destinatários, ou seja, os pesquisadores que conhecem os problemas abordados e as tradições teóricas às quais se refere, esse livro não produz mais efeitos de saber e sim efeitos de opinião. A principal preocupação de Paul-Michel é evitar os efeitos de opinião. Paul-Michel quer que seus novos livros, publicados pela Gallimard, sejam o ponto de partida para uma coleção que restitua as pesquisas rigorosas, um pouco sufocadas pelas condições da edição e da circulação das ideias. Ele implica com o tratamento preguiçoso das notas de rodapé e da falta de rigor com as informações bibliográficas, entre outros elementos. Paul-Michel tinha em mente as reedições constantes de seu próprio trabalho. Em poucos meses, As palavras e as coisas já ultrapassava os 50 mil exemplares vendidos - e o mesmo aconteceria com Vigiar e punir, alguns anos mais tarde. Paul-Michel sempre recusou a publicação em livro de seus artigos de jornal, feitos, geralmente, no calor da hora de algum evento político muito específico - exemplo interessante dessa dinâmica que rege aquilo que um pensador pode expôr num jornal e aquilo que reserva para seus artigos, seus livros. Quantidade de leitores não traz qualidade de leitura, dizia Paul-Michel.
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