1) O escritor Gert Ledig nasceu e morreu na década de 1950. Falecido em 1999, pouco antes de completar oitenta anos de idade, Ledig passou as quatro últimas décadas de sua vida esquecido como escritor. E Ledig, diante da miopia e da surdez de seus contemporâneos, que não desejavam conviver com as memórias que sua ficção trazia à tona, tornou-se um Bartleby e decidiu abandonar a literatura.
2) Sua estreia foi em 1955, com romance Die Stalinorgel - uma referência aos tanques de guerra do Exército Vermelho. O tema se torna particularmente perturbador quando descobrimos que Ledig não apenas participou da II Guerra, no exército alemão, como também tomou parte na campanha da Rússia. Ledig, portanto, viu de perto os tanques de Stálin - e teve a mão direita e o maxilar inferior destroçados no encontro.
3) Eis a impressionante complexidade da obra ainda desconhecida de Ledig: uma ficção que nasce do testemunho, que nasce da materialidade do corpo e da incidência da violência sobre ele, mas que prescinde completamente do eu e da construção de um espaço narrativo autobiográfico. Sua força estética está construída sobre a postulação de um aspecto informe da experiência, que escapa da coesão da identidade e produz, no evento da escritura, uma sombra da vivência desagregadora da guerra.
2) Sua estreia foi em 1955, com romance Die Stalinorgel - uma referência aos tanques de guerra do Exército Vermelho. O tema se torna particularmente perturbador quando descobrimos que Ledig não apenas participou da II Guerra, no exército alemão, como também tomou parte na campanha da Rússia. Ledig, portanto, viu de perto os tanques de Stálin - e teve a mão direita e o maxilar inferior destroçados no encontro.
3) Eis a impressionante complexidade da obra ainda desconhecida de Ledig: uma ficção que nasce do testemunho, que nasce da materialidade do corpo e da incidência da violência sobre ele, mas que prescinde completamente do eu e da construção de um espaço narrativo autobiográfico. Sua força estética está construída sobre a postulação de um aspecto informe da experiência, que escapa da coesão da identidade e produz, no evento da escritura, uma sombra da vivência desagregadora da guerra.